quarta-feira, 24 de junho de 2009

Redescoberta modernista do Brasil

1. Especificidade do modernismo no Brasil:
- a Semana de Arte Moderna foi um empreendimento de conotacoes utopicas que denunciava um desejo de ser moderno e, portanto, uma modernidade ainda não efetiva. Inclusive o carater incipiente do nosso desenvolvimento tecnologico e cientifico, o que levava o artista a introjetar esta problematica fundamental na constituição do “real moderno”, antes de vivê-la objetivamente
- o que constitui o carater distintivo de nossa vanguarda é a busca da identidade nacional: “enquanto as vanguardas europeias se empenhavam em dissolver identidades e derrubar icones da tradicao, a vanguarda brasileira se esforçava para assumir as condicoes locais, caracteriza-las, positiva-las, enfim. Este era o nosso Ser moderno”. Os limites da modernidade artistica brasileira residem na questao da brasilidade, que “praticamente impunha aos nossos artistas aquilo que a modernidade europeia desde Manet repudiava - o primado do tema, a sujeição da pintura ao assunto. Para reencontrar, abracar ou mesmo projetar o Brasil, era necessario, indispensavel, dar-lhe um rosto, uma feição”.
- Assim, a ideologia da brasilidade foi introjetada tanto na literatura quanto nas artes plasticas, transformando-se em conteudos, em enunciados plasticos.
- Trajetória do modernismo (segundo Wilson Martins, O modernismo):
entre 1917 e 1924, o modernismo havia percorrido duas etapas fundamentais de sua historia:
a.) de um lado, aceita a internacionalização estetica e procura concilia-la com o nacionalismo tematico;
b.) de outro lado, rejeita qualquer compromisso com o futurismo, para se afirmar puramente modernista.

- Foi fundamental o antimarinettismo ou antifuturismo de Mario de Andrade: não permeavel a inquietação vanguardista ou a idolatria da vanguarda pela vanguarda, é a ele que se deve a rapida passagem do futurismo ao modernismo, caracteristica do movimento brasileiro. Este ponto é importante porque nele se encontra a fonte de todo o “brasileirismo”modernista, nesta fase e nas fases ulteriores: pode-se imaginar que o romance modernista teria enveredado pelo cosmpolitismo esteticista, teria, digamos, adotado Cocteau por mestre, se , a meio da sua primeira decada, as linhas de forca da escola não houvessem sofrido o impacto antifuturista.
- Segundo Wilson Martins (p. 86): “a literatura brasileira moderna manifestava dois movimentos em sentido a primeira vista contrarios, mas que, na realidade, se conjugam para um mesmo resultado: de um lado, tomando consciencia de si mesma, ela se esforca por resistir às influencias estrangeiras, procurando assimila-las em seu proveito e não apenas refleti-las; por outro lado, é crescente a evolução para o universal. Foram estas duas Fadas, a Fada da Terra e a Fada do Mundo, que se inclinaram sobre o berco do Modernismo e ai jogaram os seus sortilegios; o Futurismo foi, no primeiro minuto, o chamado fascinante da Europa cosmopolita que se seguiu à guerra; o Modernismo foi a reação do remorso contra a desnacionalizacao; o moderno seria a reintegração inevitavel numa civilização avassaladora”.
- 1924: ano decisivo em que se dá a escolha de um rumo determinado : o Modernismo opta pelo rumo nacionalista contra o cosmopolitismo, primitivo contra o artificio, sociológico contra o psicologico, folclorico contra o literario; politico contra o gratuito.
- A consciencia nacionalista foi a atmosfera em que se envolviam todos os espiritos, a partir de 1916: é para o nacionalismo que enveredará o Modernismo logo depois da Semana de Arte Moderna, passado o seu instante cosmopolita; no fundo, o Verdamarelismo e a Antropofagia, como, alguns anos antes, o Pau-Brasil, não eram mais do que manifestacoes puramente esteticas a principio, logo mais politizantes e ideologicas, do sentimento nacionalista. Data de 1916, o primeiro manifesto nacionalista, apresentado na Revista do Brasil

- Em 1925, tudo está maduro para que o nacionalismo já se confunda, por um lado, com o programa estético da geração modernista e, por outro lado, com o seu programa político.
- Movimento que se iniciou nos meados da decada de 20, retomando a linha regionalista e nacionalista que vinha da decada anterior e que as primeiras manifestacoes do cosmopolitismo modernista haviam interrompido; mas, em todo o decorrer do processo, i.e., desde, pelo menos, 1921, foi dominante a preocupação com a nacionalização linguistica. Ainda aqui, o Modernismo não inventou nada, herdando, mais do que inovando, as tendencias que, neste particular, o caracterizam. Bem entendido, os modernistas sistematizaram e radicalizaram, como em tudo, a luta pela lingua brasileira.
- ano de 1924: marca a mudanca de rumo dentro do movimento modernista: a problematica de renovação estetica cede lugar, a partir de 1924, a uma preocupação que, acirrando-se ate 1930, se dirigia no sentido de, em primeiro lugar, elaborar uma literatura de carater nacional, e num segundo momento, de ampliação e radicalização do primeiro, de elaborar um projeto de cultura nacional em sentido amplo.
- para Aracy Amaral, isto se deve “a importancia do contato dos modernistas brasileiros com os grupos intelectuais que propugnaram a volta ao primitivo em materia de arte. Foi este retorno ao primitivo que abriu os olhos dos escritores brasileiros para a realidade primitiva nacional. Houve uma redescoberta do Brasil pelos brasileiros; mas esta redescoberta se fez atraves do contato da intelectualidade brasileira com os circulos literarios franceses, e mais particularmente com Blaise Cendrars.

A questao da brasilidade no modernismo
- Segundo Antonio Candido, o modernismo renega a idealização romantica do indio (europeizado em seus costumes e virtudes) e a idealização do caboclo no plano sociológico (tal como fizera Oliveira Viana, a partir de 1917, com a sua teoria das elites rurais, arianas e fidalgas, como foco de energia nacional). A ideia de que somos diferentes da Europa e como, por isso, devemos ver e exprimir diversamente as coisas. Enquanto alguns escritores procuravam exprimir a forma e a essencia do pais, outro porfiavam em pesquisar, experimentar formas novas e descobrir sentimentos ocultos. É caracteristico desta geração a tendencia ao ensaio. Todos esquadrinham, tentam sinteses, procuram explicacoes. Com o recuo do tempo, vemos agora que se tratava de redefinir a nossa cultura a luz de uma avaliação nova dos seus fatores.
- Para os jovens intelectuais que fizeram a Semana, a palavra de ordem era que dessem expressao humana ao nosso “grande mundo virgem, cheio de promessas excitantes”, a desafiarem o nosso espirito; que estudassem os problemas do Brasil e da América, livres do artificialismo das solucoes europeias e voltados para uma “arte direta, pura, enraizada profundamente na estrutura nacional.
Modernismo: esforço de construção de um Brasil em consonancia com a epoca. Os modernistas descobriram o passado artistico do Brasil. O barroco mineiro era ate entao desconsiderado. Foram os modernistas que perceberam a riqueza artistica do que se fizera no fim do seculo XVIII e que fora visto como aberração ou excentricidade ao longo do século XIX.
- Valorizaram a arte colonial.
- Culto do folclore
- Voltaram-se para as raizes da nacionalidade, identificando-as com justeza, descobrindo-as frequentemente.
- elaboração de sinteses da cultura, da sociedade e da história brasileira.
- modernistas descobriram o Brasil.

Manifesto Pau-Brasil
- o primeiro passo no sentido de introduzir a problematica do nacionalismo na literatura modernista pode ser considerado como sendo o do Manifesto Pau-Brasil (1924, Oswald de Andrade), onde Oswald propoe a inauguração do processo de redescoberta do Brasil, marcando uma virada brusca dentro do caminho de renovacao. Proposta: furar a camada mistificadora de cultura importada que ja dura quatro seculos; para num segundo nivel, construir uma nova visao da realidade, a de um pais redescoberto. Esta é a visao pau-brasil. Tal visao so sera possivel desmontando falsas perspectivas, construindo outras para colocar em seu lugar, para se chegar a captação livre da realidade nacional. não se trata mais de combater o passado em nome da atualizacao, mas de introduzir a otica do nacionalismo no processo de renovacao: so seremos modernos se formos nacionais. É a ideia de que so seremos modernos se formos nacionais.
- de acordo com o Manifesto Pau-Brasil, existe um ocultamento da realidade brasileira em função de uma perspectiva estrangeira que importamos e com a qual construimos a visao de nos mesmos.
- Pau-Brasil denuncia duas ordens de fatos: a importação das solucoes estrangeiras pela cultura nacional com todo o processo de construção de uma falsa cultura, cultura de erudição e as proprias solucoes tal como foram elaboradas nos centros produtores europeus. A nova perspectiva do mundo da cultura propugnada pelo movimento Pau-Brasil deverá romper com as solucoes importradas atraves da valorização dos elementos nacionais.
- Ate 1924, o importante era o processo de modernizacao-atualização e o combate a quaisquer formas de passadismo. No Pau-Brasil não é o passado generio que e negado, mas a parte concreta deste passado, o lado doutor, aquele que escondia, em função do processo de transplantação cultural, o verdadeiro passado brasileiro.
- Manifesto Pau-Brasil: apelo a recuperação dos elementos de um passado cultural enraizado na nação e o menosprezo do lado doutor/erudito. Ao contrario do primeiro modernismo, que rejeitou em bloco a contribuição romantica, vemos aqui aberto o caminho para a releitura valorizada de alguns aspectos do romantismo que serao, cada vez mais, apontados como indicadores de caminhos para os modernistas. Há tambem que considerar a integracao, em um nivel quase de enraizamento no solo fisico da nacao, atraves da bvusca de inspiração material do pais, sua opulencia e a exaltação da terra brasileira. Um outro aspecto é a caracterização da alma brasileira, da psique brasileira. De 1924, sera cada vez mais prestigiada esta visao psicologica da nossa realidade, a descrição dos tracos psicologicos profundos da alma brasileira.
- O Manifesto Pau-Brasil constituiu um marco a partir do qual se definiram diversas posicoes dentro do modernismo. Grosso modo, o grupo modernista aceitava os ideais nacionalistas defendidos por Oswald de Andrade. Entretanto, em relação a maneira de definir substancialmente as teses nacionalistas, houve uma diferenciação enorme de grupo para grupo ou mesmo de autor para autor. Instalou-se, apos a publicação do manifesto Pau-brasil, uma acirrada polemica pela definição do nacionalismo literario.


Antropofagia

Antropofagia: ciclo liderado por Oswald de Andrade, em 1928. O movimento antropofagico dá continuidade à perspectiva Pau-Brasil, com sua crenca na existencia de uma realidade nacional subjacente que é preciso atingir, e se inscreve, na medida em que o Pau-Brasil pode ser coonsiderado como o denominador comum das diversas subcorrentes da brasilidade, no panorama geral do segundo momento modernista. Tem-se ai a mesma valorização do saber intuitivo do Verdamarelismo Contudo, se existe na Antropofagia as mesmas categorias-chave ja presentes nas obras de Graça Aranha e de Plinio Salgado, elas São aqui utilizadas de modo diverso. O tratamento dispensado por Oswald de Andrade à ideia de intuição ou à de integração é diverso do de Plinio.
- O ideario antropofagico: tanto o Manifesto [de Oswald de Andrade] quanto “A descida antropophaga” [Oswaldo Costa] propoem fornecer uma visao geral do movimento. Como a Anta e o verde-amarelismo, o movimento se propoe fazer uma revisao do retrato amplo do país e apresentar uma perspectiva nova, um novo caminho a ser trilhado pela nacao. Dois niveis de proposta: o nivel da critica destruidora de uma falsa visao do Brasil (diagnostico) e o da proposta positiva (cura). Aqui tambem o mesmo desprezo pelo saber especulativo e analitico, a ciencia, a gramatica, a logica, enfim, as abordagens sistemicas da realidade São consideradas formas de “consciencia enlatada”. Com a importação da cultura do colonizador, passou-se a produzir aqui uma cultura desvinculada da realidade nacional.
O instinto antropofagico destroi, por um lado, pela degluticao, elementos de cultura importados; por outro, assegura a sua manutenção em nossa realidade, atraves de um processo de transformacao/absorção de certos elementos alienigenas.
- O impulso antropofagico caracteriza-se por defender ferrenhamente a intuição e pelo poder de sintetizar em si os tracos marcantes da nacionalidade que garantem a unidade da nacao.
- Tudo parece indicar que o instinto antropofagico, com sua forca de destruição da experiencia “fechada”do real, pode tambem prenunciar, ao menos idealmente, a instauração de uma sociedade aberta, livre de condicionamentos alienantes. Este estado de usufruto da felicidade é a retomada da felicidade selvagem em que vivia a população nativa antes do contato com o portugues.
- O instinto antropofagico distingue aquilo que no mundo da cultura deve ser simplesmente eliminado do que deve ser transformado e fixado no solo da nação pelo processo de absorcao. Ao contrario do que ocorria na orientação de Plinio Salgado, na Antropofagia a violencia desemepnha um papel fundamental. A anta é um animal eminentemente pacifico, já o jabuti, mencionado no texto do Manifesto, é forte e vingativo. É violento, ele devora, no sentido da destruicao, as formas de consciencia e experiencia “fechadas”a que nos referimos. Mas ele tambem integra, transformando outras formas de consciencia e experiencia alienigenas.
- Na orientação do grupo de Plinio (Anta), o encontro do portugues com o indio é visto como um processo de desaparecimento objetivo do primeiro e sua sobrevivencia na alma do colonizador. Já na Antropofagia, trabalha-se com os mesmos elementos, mas com o sinal diferente: o indio devora o colonizador e, atribuindo-lhe novo valor, utiliza-se dos elementos aproveitaveis da figura do devorado.
- O fundamental, a categoria-chave da integração do indio e do branco presente na perspectiva de Plinio e seus companheiros é identica à defendida pelos antropofagos. Os sinais São diferentes: Plinio acredita que o indio é destruido pelo colonizador, mas se mantem vivo na alma brasileira. Oswald e a Antropofagia acreditam que o indio devora o portugues e absorve os elementos uteis presentes na civilização invasora. A figura do indio tambem se mantem. Claro que não objetivamente. O indio é um simbolo, a alma do braisleiro.
- A volta ao estado natural, ao indio, manifesta, tanto numa orientação quanto noutra, seus propositos exigentes de nacionalismo. Vale o que e genuino. Aquilo que esta ligado a terra. O que constitui o verdadeiro substrato da brasilidade. Tanto na Antropofagia como na grupo da Anta o indio é o denominador comum que define o espirito brasileiro. Aquele mesmo que deve ser intuido no contato imediato da realidade.
- Tanto o grupo de Oswald de Andrade (Antropofagia) quanto o de Plinio Salgado (Anta) retomariam as categorias-chaves da obra de Graça Aranha: as de intuição e integracao.
- Pela intuicao, obtemos a caracterização sintetica da brasilidade. A intuição é a categoria que possibilita atingir o substrato profundo da realidade nacional. Com ela podemos definir o verdadeiro carater brasileiro. Ela nos possibilita, por outro lado, refutar as caracterizacoes erroneas da realidade nacional que permanecem como camadas de impostura prejudicando nossa apreensao do real. Trata-se do nivel do que chamamos de exame diagnostico da cultura nacional.
Quais os resultados deste exame ? Percebemos que a produção cultural no Brasil é desenraizada do solo da nacao. Ela é exatamente a fina capa de eruditismo que esconde nas “lianas da saudade universitária” o verdadeiro substrato da alma nacional. É preciso, por isto, refuta-la, furar este veu que encobre a realidade da nacao. Em outras palavras: operar a cura da alma brasileira. A obra de Plinio Salgado e a de Oswald de Andrade se propoem realizar esta cura. A categoria de integração é fundamental, orientando tanto o grupo da Anta quanto o movimento antropofagico.
Primeiro nivel de integracao: integrar a produção cultural do pais em seu solo.
Segundo nivel de integracao: integrar os brasileiros entre si numa comunidade de sentimentos - o indio é aqui chamado para simbolizar o carater integrado de todos os brasileiros.
- Qual é a resultante desta operação ? A construção de uma cultura nacional em comunicação ou contato com o solo da patria. Por este caminho, o da afirmação do nacionalismo, atingimos a integração mais geral: podemos nos comunicar com o Universo e enriquece-lo.
Tanto em Plinio e Oswald não há a negação da contribuição alienigena: a civilização brasileira absorve os tracos positivos do lado colonizador.
Tanto a instauração do “matriarcado de Pindorama” de Oswald e da nação governada pela “quinta raça” do grupo Anta exigem a efetuação de uma serie de trabalhos. Mas ambos viram que tais trabalhos não limitavam-se apenas no nivel intelecutal, mas que deviam se concretizar na ação politica de transformação da sociedade. A questao da brasilidade deixouu de ser de natureza puramente intelectual; ela exige uma transformação efetiva da sociedade.
A década de 30 apresenta os caminhos que cada um destes grupos escolheu: o trabalho intelectual deve levar ao engajamento do escritor na pratica politica. Em 1932, Plinio Salgado lanca a Ação Integralista e Oswald de Andrade já aderira ao Partido Comunista.


REDESCOBERTA DO BRASIL

- 1916: primeiro manifesto nacionalista.
- questão da nacionalidade: anterior a Semana de Arte Moderna.
- Primeiros modernistas brasileiros: desprezo pelo regional, o caboclo, a sua língua, a sua cultura. Pretensão dos modernistas: cosmopolitismo urbano e futurista.
- o modernismo brasileiro: namorou o futurismo italiano. Mário de Andrade: renega o futurismo italiano. Semana de Arte Moderna tem primeiramente um caráter cosmopolita, que, em 1924, é rechaçado.
- Modernismo de 1922: preocupação meramente estética. Busca de renovação estética.
- Assimilação das vanguardas européias: é vista como uma imitação saudável e não como mera mania imitativa. Imitava-se o presente e não coisas passadas; seguia uma linha universal. Modernismo brasileiro = internacionalização estética + nacionalismo temático.
- Segundo momento do modernismo brasileiro: aceitação da temática nacionalista: resultante do reconhecimento de Tarsila do Amaral em Paris.
- Temática da obra de Tarsila na época: regionalista (primitivismo brasileiro).[ Em 1923 volta a Paris e passa a viver com Oswald de Andrade. Retoma as aulas, mas em outras bases: distancia-se da educação convencional, acadêmica. Quer estudar as técnicas modernas. Nesse ano, se torna aluna de André Lhote (1885 - 1962). Com ele, suas formas se regularizam. Na mesma época, entra em contato com os grandes nomes do modernismo parisiense, como o poeta Blaise Cendrars (1887 - 1961), que a apresenta a Constantin Brancusi (1876 - 1957), Vollard, Jean Cocteau (1889 - 1963), Erik Satie e Fernand Léger (1881 - 1955). Chega a freqüentar o ateliê deste pintor cubista. Tem aulas também com Albert Gleizes (1881 - 1953). A convivência com os mestres vai influenciá-la profundamente. Nesse período faz uma pintura de inspiração cubista, no entanto, interessa-se, cada vez mais pela figuração tipicamente brasileira, de temas nacionais, como em A Negra (1923) e A Caipirinha (1923).]
- Obra de Tarsila: dá origem aos dois manifestos: Pau Brasil e Antropofagia.
- modernismo: envereda-se pela temática nacionalista (1926). Volta o olhar para o Brasil. Contradição com o modernismo europeu, as voltas com a abolição do tema e do assunto. Assim, o modernismo brasileiro evolui do esteticismo para a questão da brasilidade.
- Olhar em direção ao Brasil: influência do contato com os intelectuais franceses – retorno a realidade primitiva.
- 1924: modernismo opta definitivamente pelo rumo nacionalista: nacionalista contra o cosmopolitismo; primitivo contra o artíficio; o sociológico contra o psicológico; o folclórico contra o literário; o político contra o gratuito.
- Pau-Brasil, Verdamarelismo, Antropofagia: proposta estética do sentimento nacionalista.

Nacionalismo modernista
- recusa da idealização romântica do índio e do caboclo.
- proposta de um visão crítica do país.
- não tem nada a ver com a visão ufanista da pátria, na linha de Gonçalves Dias, Olavo Bilac e Rocha Pombo.
- Crítica ao regionalismo: acreditava-se que somente sendo brasileiro é que nós nos universalizaremos. A busca do nacional é uma forma de integração no universal. Mas tal busca do nacional não pode perder-se nas particularidades de uma região.
- o nacionalismo não tem nada a ver com a idéia de que o país, para guardar as suas características, precisaria isolar-se, defender-se.
- regionalismo vs. abrasileiramento.
- busca da brasilidade = essência do Brasil.
- produção de um conhecimento sobre o Brasil: sínteses, ensaios, pesquisas.
- tratava-se de redefinir a cultura e a história brasileira a partir de novos valores.
- busca de uma arte/conhecimento enraizado no Brasil: valorização do folclore, arte colonial, busca das raízes da nossa nacionalidade.
- Proposta nacionalista: construção de um Brasil brasileiro.
- Tentativa de extrair a essência brasileira do passado, e dinamizá-la, no presente e no futuro. A posição teórica dos modernistas era extrair do passado o que houvesse de essencialmente brasileiro, para retomar a tarefa de criação, no presente, de uma arte brasileira.
- Nacionalismo de Oswald de Andrade e Mário de Andrade: insofrido, propenso à denúncia e ao pessimismo.
- Desprezo pela brasilidade moderna e autêntica, e não a tradicionalista e saudosista.
- Para os modernistas, a arte deve estar marcada pelo espírito de brasilidade. Ela deve refletir o país em que foi criada.

MANIFESTO PAU-BRASIL, 1924
- crença na existência de uma realidade nacional subjacente que é preciso conhecer e atingir.
- ver com olhos livres: construir uma nova visão do Brasil, para além da camada mistificadora da cultura importada. Captar a realidade brasileira com os olhos brasileiros, sem os esquemas europeus. Só seremos modernos se formos nacionais.
- perspectiva estrangeira: provoca um ocultamento da realidade brasileira.
- denúncia das soluções importadas: valorização dos elementos nacionais.
- transplantação cultural: esconde o verdadeiro Brasil.
- apelo a recuperação dos elementos de uma passado cultural enraizado na nação.
- valorização do passado cultural.
- valorização da psique brasileira: busca dos traços psicológicos do povo brasileiro.
posição de Mário de Andrade: discordância em relação ao repúdio ao saber erudito.
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