terça-feira, 12 de maio de 2009

Natureza, entre o pitoresco e o sublime.


Estética do pitoresco (que delícia!)

A visão da natureza apresenta-a como paradisíaca e exuberante, numa pura apreensão estética. Percebe-se aí a valorização da riqueza e singularidade naturais. A natureza suscita, no observador, prazer, gozo, encanto e deleite, constituindo-se como lugar aconchegante que inspira serenidade na alma.




O termo pitoresco entra para o vocabulário artístico no final do século XVIII para designar uma nova categoria estética em relação à paisagem natural e representada, distinto do sublime. Enquanto a poética do sublime apela ao temor reverencial diante da natureza - que se apresenta grandiosa e hostil -, a estética do pitoresco evoca imperfeições e assimetrias em cenas repletas de detalhes curiosos e característicos que procuram remeter a uma natureza acolhedora e generosa. Valoriza-se aí a irregularidade (sempre agradável) da natureza e a interpretação poética de uma atmosfera particular. A expressão artística exemplar do pitoresco é a paisagem dos jardins ingleses. Aliás, o pitoresco, segundo Giulio Carlo Argan, "expressa-se na jardinagem", arte de educar a natureza, melhorando-a, mas sem tirar-lhe a espontaneidade. Tanto o sublime quanto o pitoresco estão na raiz do romantismo. O sublime apontando para o trágico, o infinito e o universal; o pitoresco enfatizando o característico, o mutável e o relativo.

As paisagens pitorescas empregam, em geral, tonalidades quentes e luminosas, que destacam a irregularidade e a diversidade das coisas do mundo natural. Os cenários são compostos a partir de amplo repertório: árvores, troncos caídos, poças de água, choupanas, animais no pasto, pequenas figuras etc.


Imagem: CONSTABLE, JohnDedham Lock and Millc. 1818Oil on canvas, 70 x 91 cmPrivate collection

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