segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Técnicas construtivas: taipa e adobe



ARQUITETURA
1. Técnica da taipa ou pau-a-pique
A técnica da taipa de mão, também conhecida como pau-a-pique, barro armado, taipa de sopapo ou taipa de sebe, consiste em armar uma estrutura de ripas de madeira ou bambu com uma mistura de barro. É uma técnica simples de construção, muitas vezes tratada com preconceito pela aparência rústica. No Brasil, foi trazida pelos portugueses e, desde então, é muito utilizada no meio rural, no sertão central e nordestino.




2. Técnica do adobe


Técnica de construção comum no mundo todo, que utiliza o barro com pequena quantidade de areia como matéria prima. O barro deve ser bem sovado e moldado em formas de madeira, sofre o processo de secagem a sombra, e não recebe queima. As construções antigas sempre tinham a presença do Adobe, e ainda hoje nos países Árabes é muito utilizada. No Brasil, em várias regiões no centro e no norte do pais, ainda hoje utilizam esta técnica.

IMAGENS DE FRANS POST
ESQUEMAS CONSTRUTIVOS NA AMERICA PORTUGUESA
1. Nas vilas o esquema construtivo era alterado em vista das necessidades da urbanização, com um modelo de casas construídas lado a lado, sem espaço intermédio, ficando um terreno livre apenas nos fundos, e sendo preferida a cobertura com telhas de barro.
Com o progresso da colonização e o estabelecimento de uma estrutura urbana básica, passou a ser utilizado também o adobe para construção, por ser mais resistente e permitir o avanço de edifícios maiores com estrutura de madeira, como conventos, colégios e igrejas mais amplas, e a cantaria, da qual um dos primeiros exemplares é a Casa-Forte de Garcia d'Ávila em Pernambuco, erguida já em 1551. No interior do país começavam a se formar grandes latifúndios, que passaram a contar com casas senhoriais amplas, com até dois pavimentos e estrutura de madeira e adobe, ou de pau-a-pique, coberta de telhas, embora sua fachada continuasse a apresentar linhas simples. A inovação foi a introdução da varanda à frente da fachada, uma área coberta livre de paredes.

2. CASA DO BANDEIRANTE
Imagens de arquitetura civil
Características
- plataforma sobre a qual se assenta a casa
- planta quadrangular
- paredes de taipa e pilão
- telhados de quatro águas
- fachada constituída pela varanda.
- disposição dos quartos à volta da sala central.

Foi feita de taipa de pilão: técnica construtiva milenar que emprega nas paredes e muros a terra comprimida dentro de formas de madeira. Porém, essa técnica mostrou-se pouco resistente à umidade, o que a faz necessitar de manutenção constante. Queixa-se o governador Mourão em 1767, com certo exagero: "suposto seja esse o uso do país, é tão pouco seguro que basta o descuido de uma telha quebrada para que no espaço de uma noite venha tudo abaixo…".

Segundo o arquiteto Carlos Lemos, a taipa de pilão é própria dos lugares pobres, "pobres", explica ele, "não só economicamente, mas também carentes de materiais de construção como a cal, a pedra, o tijolo e carentes de técnicas apropriadas à madeira vista como elemento estrutural". A Vila de São Paulo, portanto, carecia não só de recursos econômicos como também de materiais construtivos.

Como aponta Carlos Lemos, a arquitetura da casa bandeirista permanece uma incógnita. Certa mesma é a destinação dos cômodos fronteiros, que abrigavam um "quarto de hóspedes" e uma capela. Quanto aos demais cômodos, não se sabe ao certo a que tipo de uso eram destinados.

O mobiliário de casas como esta era geralmente escasso e pobre: redes de dormir, bancos, poucas cadeiras, e catres, mesas e baús de madeira. Além disso, a iluminação era precária, feita apenas com lampiões de latão de óleo de mamona e cera.


Características das construções coloniais
A análise das construções antigas sobreviventes, incluindo urbanas, permitiu sua caracterização com base em elementos comuns, consideradas primitivos:

1. Paredes mestras de taipa-de-pilão, especialmente na edificações mais antigas, com alicerce na mesma técnica ou, mais raramente, de alvenaria de pedras.

2. Beiral largo (0,60 m a 1,00 m) amparado por cachorros (com discreto entalhe na extremidade ou lisos). O sistema de ancoragem dos cachorros nos caibros era muito variável, não havendo identidade nesse particular entre quaisquer construções sobreviventes (Paiva, 1996:17). Geralmente uma peça independente (a âncora) unia a extremidade interna do cachorro à retranca apoiada sob o caibro. Outro sistema, mais primitivo, fazia os cachorros passarem por orifícios justos escavados no próprio frechal, o que dispensava mais ancoragem. O forro de tábuas (guarda-pó) era disposto entre os cachorros e as telhas.

3. Planta-baixa retangular, fechada.

4. Telhado de quatro águas, rigorosamente desprovido de rincões, armado por terças que suportavam caibros com sambladura basal no frechal interno (ou apoiados sobre este, sendo cortados sobre a parede), sem o uso de tesouras; a terça da cumeeira apoiava-se por esteios sobre frechais de paredes mestras. O ripado era de fasquias de estipes de juçara. A madeira era desdobrada com machado, posteriormente com traçadores, sendo tardio o emprego de serras d’água. O acabamento era feito com enxó.

5. Vergas retas ou, mais raramente, em arco abatido; vergas, ombreiras e peitoris lisos, sem entalhes, de madeira.

6. Janelas parcas e com frequência providas (se no térreo) de grades de balaústres verticais de seção quadrada e dispostos com as quinas voltadas para fora, denominados “balaústres coloniais” (Paiva, 1996:14). Escuros como única vedação, basculando por gonzos. O número de janelas por aposento aumentou consistentemente com o tempo, chegando ao máximo já no primeiro quartel dos oitocentos (Casarão do Pau Preto, Indaiatuba, Figura 2).
7. Implantação em plataforma aterrada, com a fachada principal voltada para o declive, nunca longe da água corrente. Os engenhos sempre se utilizaram de desníveis entre as diversas plantas de produção, mesmo em único edifício.

8. Piso de terra apiloada.

9. Casas eram levantadas sobre pilares ou esteios, usando-se o rés-do-chão como depósito.




Características das casas pintadas por Frans Post
- homogeneidade das casas
- andar térreo fechado em parte.
- andar de cima com varanda, com abertura no corpo da casa em vez de varanda.
- planta quadrada ou retangular.
- eventuais galpões de madeira.
- eventuais torres laterais (casas-fortes dos primeiros colonizadores)
- ausência de vidro nas janelas.
- telhados de quatro águas.
- casas principais cobertas com telhas.

Origem da casa brasileira representada por Post
- casas rurais portuguesas: províncias do Norte, como Minho, Trás-os-montes, Beira Alta e Beira Baixa.

Casa paulista
- assentam-se sobre um tabuleiro, com muros de sustentação de pedra.
- possuem apenas um andar, assente diretamente no chão.

3 comentários:

  1. A referência bibliográfica completa de "Paiva, 1996" é:
    PAIVA, Celso do Lago, 1996. História da técnica das construções colo¬ni¬ais em São Paulo. Indaiatuba, Fundação Pró-Memória de Indaia¬tuba, 49 p., il. [Pro¬grama de Publicações do Grupo de Estudos de História da Técnica (GEHT/ CMU/ UNICAMP, 2)].
    Celso Lago-Paiva
    celsodolago@hotmail.com

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  2. .
    A referência bibliográfica completa do item "Características das construções coloniais" do texto acima é:
    PAIVA, Celso do Lago, 1997. Características das construções coloniais na região. P. 38-39 in: Construções rurais coloniais no quadrilátero do açúcar, Estado de São Paulo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba 5(5):37-46, Piracicaba.
    .
    Celso Lago-Paiva
    celsodolago@hotmail.com
    Curvelo MG Brasil
    .

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  3. Para baixar o artigo em pdf:
    http://www.ihgp.org.br/wp-content/uploads/2014/09/Revista-do-IHGP-Vol.5.pdf

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